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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Consciência


- Ei, menina...o que é isso? O que você está fazendo?
- Oras, estou sentada no ônibus ouvindo música porquê? O que você tem com isso?
- Como assim, o que eu tenho com isso...tenho muita coisa, eu sou o que você é e tenho total direito de lhe interrogar, e veja bem esse tom de voz comigo heim!
-Não enche, só quero paz.
-Paz? E o que você define como paz? Fica ai inerte em seu mundinho como se ninguém mais existisse. Deixa eu te falar uma coisa menina, isso aí de você andar olhando para o tênis com o fone de ouvido e com um livro nas mãos evitando as pessoas, só te faz ser cada vez mais egoísta. Isso mesmo, uma pessoa que não liga pra ninguém a não ser para seus sentimentos melancólicos.
-É isso aí, minha vida é um Tédio com T maiúsculo o.k. Me deixa.
-Ah, deixe você desse drama todo, as coisas só são do jeito que são porque assim que você quer.
-Hum, então agora a culpa é minha? Engraçado porque toda vez que me atrevo a fazer diferente as pessoas me encaram , me julgam....eu pareço uma louca esbarrando em todos,derrubando tudo e...
-Para! Já chega! Você pode por favor pular essa parte onde você se faz de vítima e depois no fim acaba assumindo toda a culpa de ser quem você é, e como se não bastasse o drama começa a falar de como e quem queria ser, porquê você é uma distraída, que não tem amigos, que não tem interesse em nada, que está gorda e blábláblá.
 Menina, escuta só: esse lance de ficar idealizando tudo, os outros e até você mesma, não funciona. Sinto muito. Mas você só se decepciona cada vez mais quando fica querendo controlar seu destino e dos demais. As coisas não são por aí. Você não tem que ficar fissurada em que as coisas aconteçam da maneira que você quer e no tempo que você quer, porquê não vão acontecer. Para de ficar pensando no que vai fazer, simplesmente faça. Arrisque ao menos uma vez na vida e aposto que você vai pegar gosto pela coisa. Ficar pensando em quem você vai ser não vai te levar a lugar algum, pare de pensar. Tem uma palavrinha simples e que precisa ser exercitada, fale ai e ouça como soa bonito: ATITUDE. Sim. Dance conforme a música mas nunca perca a sua essência. Ao invés de ficar ai se lamentando por não ser quem você queria ser, arregace as mangas e vá fazer alguma coisa de útil. Sei lá, tanta gente precisando...Mexa-se e deixe o drama. 
  Agora levante-se, limpe essa maquiagem borrada, vá tomar aquele banho que lava a alma, se cuide, se ame. Depois saia de casa como se fosse seu último dia. Aposto que você vai querer fazer a diferença na vida de alguém e garanto que não vai sobrar espaço para pensamentos negativos. 

sábado, 25 de maio de 2013

Sou



Sou nessa chuva que escorre pela janela.
Sou nessa canção que embala a madrugada.
Sou em todos os risos, todos os gestos.
Sou em cada lugar que conheci e cada paisagem que observei.
Sou em uma caneca de café quente e sou num amor platônico.
Sou uma mistura de tudo que já vi e provei.
Sou fragmentos de lembranças, de desejos e sonhos.
Sou a esperança, a alegria, a fé.
Sou também a solidão, o silencio da noite.
Estou em tudo, sou em todos.
Mas me conservo só, 
Assim intocável, assim inacessível.

Um cantinho pra chamar de seu


  Estou redecorando meu quarto e tenho como inspiração o dessa moça aqui de cima ó. Pra quem não a conhece Florence Welch, é uma cantora britânica de 27 anos vocalista da banda Florence and the Machine. Eu até gostei das músicas dela, uma mistura do indie, folk e soul, mas não gostei muito dos vídeos, sei lá, da atuação, achei dramático demais .Mas enfim, amei de verdade o estilo dela e quando vi a decoração da casa, ahhhh me apaixonei.
  Achei que tem uma pegada retrô, bastante detalhes e tal. Eu sou meio suspeita pra falar já que amo coisas antigas, anos 70,80... I ♥ Vintage! rs 



 O que falar dessa sala, esse azul turquesa que eu sou fissurada, a iluminação, os quadros...é tudo muito lindo.



Pra que ninguém fique com curiosidade, aqui está um pouco do trabalho dessa cantora: 



terça-feira, 30 de abril de 2013

Música Internacional


 Hello. Estou aqui pra falar de dois artistas sensacionais que chegaram pra ficar na minha playlist. O que eles tem em comum?  Talento musical. Bem, não entendo tecnicamente de música mas não é preciso ser Expert no assunto pra perceber a genialidade de ambos. A musicalidade deles está presente em cada verso, as brincadeirinhas com a voz e com o som deixa tudo mais interessante. 
 
  A primeira de quem vou falar é a linda da Regina Spektor. Muitos já devem ter escutado porque ela teve uma de suas músicas em uma novela do horário nobre. Russa, cantora - compositora, pianista com uma extensão vocal incrível, ela sempre faz uns barulhinhos com a voz que deixa as canções ainda mais originais. Suas músicas são misturas do folk, rock, jazz, indie e música clássica. Ah, e o som que ela tira daquele piano não é desse planeta rs. Amo piano e ouvi-la tocar faz com que eu queira aprender.

 
  O segundo gênio e não menos importante é o norueguês Jarle Bernhoft (que não tenho ideia da pronúncia). Apesar de não saber muitas coisas sobre ele, é o som que mais tenho escutado no momento. Acho que não demora muito para ele estourar por aqui. Durante suas apresentações ele faz uma intervenção muito bacana de instrumentos. Não tenho ideia de quantos instrumentos ele toca mas já vi vários. Jarle, faz uns sons diferentes também com a boca e mãos. Foi amor a primeira música rs. 


Vou deixar uns vídeos para que vocês possam conferir e ver com seus próprios olhos:

domingo, 28 de abril de 2013

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago

  Esse é um dos meus livros prediletos do qual favoritei com cinco estrelas hehehe. Ele é incrível. Quando comecei a leitura, me perdi um pouco porque o autor estabelece uma estrutura de texto diferente do que estamos acostumados. Entre as falas dos personagens não há travessão, dois pontos e nem nada. As únicas pontuações que o autor utiliza é o ponto e a vírgula. É estranho a principio mas depois você se acostuma e a leitura se torna bem dinâmica, com ritmo eu diria. Não sei dizer se as outras obras do autor são assim porque esse foi o único título do autor que eu li por enquanto. Aqui vai um trechinho do livro pra se ter ideia mais ou menos do que estou falando: 

"A mulher não respondeu logo, olhava-o, por sua vez, como se o avaliasse, a pessoa que era, que de dinheiros bem se via que não estava provido o pobre moço, e por fim disse, Guarda-me na tua lembrança, nada mais, e Jesus, Não esquecerei a tua bondade, e depois, enchendo-se de ânimo, Nem te esquecerei a ti, Porquê, sorriu a mulher, Porque és bela, Não me conheceste no tempo da minha beleza, Conheço-te na beleza desta hora. O sorriso dela esmoreceu, extinguiu-se, Sabes quem sou, o que faço, de que vivo, Sei, Não tiveste mais que olhar para mim e ficaste a saber tudo, Não sei nada, Que sou prostituta, Isso sei, Que me deito com homens por dinheiro, Sim, Então é o que eu digo, sabes tudo de mim, Sei só isso"

  Saramago escreve dessa forma para tentar se aproximar o melhor possível da forma falada. Pois quando narramos uma história, não existe nada além de pausas de respiração, que foi o que ele fez com o ponto e a vírgula. O autor quer nos trazer uma obra onde possamos ouvir, assim como uma composição de uma música onde ela é marcada pelo tempo de respiração.

  Bem, vamos a obra...

  Ensaio sobre a cegueira é um livro cheio de metáforas e que pretende fazer com que a gente veja além dos nossos olhos, além do óbvio. É  o dever que temos diante da sociedade de enxergar quando há tantos que não enxergam. Saramago descreve de forma crua o que o ser humano pode se tornar diante de um caos. Há  alguns capítulos com uma linguagem um pouco pesada mas que tem a intenção de mostrar o ser como um animal agindo por instinto.
  O livro começa com um homem que está parado no sinal e de repente perde a visão. É uma cegueira branca, que pode ser associada a perca de valores da sociedade atual. Assim, sucessivamente algumas outras pessoas também começam a ficar cegas como se fosse uma epidemia. O governo decide colocar todas as pessoas que estão "doentes" em um hospício desativado da cidade até que se descubra a causa da cegueira. Como se isso fosse acontecer. É nesse ponto que as coisas ficam complicadas, pois eles começam a travar uma luta diária pela comida e pela sobrevivência. Dignidade não existe mais, e agora vale tudo pra se manter vivo. O interessante é que durante a narrativa também ficamos cegos, pois vamos descobrindo as coisas ao redor pelo sentidos dos personagens. 

  Os principais personagens são: o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o médico, a mulher do médico (a única que enxerga),  a rapariga dos óculos escuros, o velho da venda preta e o rapazinho estrábico. 

  É um daqueles livros que facilmente nos desligamos de tudo e passamos a vivenciar cada parte da história e o melhor, é que tem conteúdo. Tem um filme do Fernando Meirelles que é baseado nesse livro, ainda não assisti mas algumas pessoas me disseram que não é tão bacana. É que o livro tem mais detalhes e permite você conhecer a fundo cada personagem. Mesmo assim, acho que vale a pena , depois de ler o livro é claro. Então, fica a dica pra quem gosta de bons livros. Vou deixar aqui embaixo um dos meus trechos favoritos. 

"Ninguém fez perguntas, o médico só disse, se eu voltar a ter olhos, olharei verdadeiramente os olhos dos outros, como se estivesse a ver-lhes  alma, A alma, perguntou o velho da venda preta, Ou o espírito, o nome pouco importa, foi então que, surpreendentemente, se tivermos em conta que se trata de pessoa que não passou por estudos adiantados, a rapariga dos óculos escuros disse, Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.[...]"

sábado, 27 de abril de 2013

Nick & Norah – Uma Noite de Amor e Música


 Bom, confesso que sou viciada em filmes de todos os gêneros. Daquelas que não perde uma oportunidade de estar embaixo do edredom, com uma caneca de café completamente imersa em um outro mundo. Pois é, acho incrível essa capacidade que os bons livros e filmes tem de nos sugar. 




O ultimo filme que eu assisti foi uma comédia romântica bem bacaninha que se passa em New Jersey. Um pouco adolescente mas super fofo. Conta a história de Nick (Michael Cera), um guitarrista hétero de uma banda gay, que está na maior fossa por conta do término do namoro com a Tris, uma garota fútil. Ele insiste em lhe telefonar e produzir CD ´s do qual Tris joga todos no lixo.



Do outro lado está Norah (Kat Dennings), uma garota que estuda com a ex de Nick, mesmo sem ter a mínima ideia de quem seja o rapaz, recolhe todos os CD´s porque acha simplesmente incrível aquelas produções. 
Em um final de semana qualquer, Norah sai com a melhor amiga pra curtir um show de uma banda que elas não tem ideia de onde vai tocar. Por acaso, ela encontra Tris com o atual namorado, onde zomba dela por estar sozinha. Sem jeito, Norah diz que está com o namorado e vai na direção de um garoto que ela achou interessante e pede para que ele finja ser namorado dela por cinco minutos, o detalhe é que esse garoto nada mais é que Nick, o ex da Tris.
Durante a noite acontece vários desencontros, acaba que Nick e Norah saem em busca da amiga dela que está bêbada pela cidade. Durante a procura, eles vão se conhecendo e percebem que têm muito em comum. O filme é uma graça e garante boas risadas, considerando que o elenco é muito bom. Vale a pena assistir. 


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Identidade


  A garotinha, ali parada com olhos estatelados naquela imensidão de arranha-céus. Objetos mais pesados que o ar passando sobre seus olhos de um lado pro outro. Em suas mãos, comprimidos entre o peito aquele livro pesado e antigo que acabara de emprestar na biblioteca municipal. Boquiaberta com aquelas magníficas construções arquitetônicas datadas em décadas anteriores, o percurso de sua casa até a biblioteca não durava mais que 20 minutos. Porem encarava tudo como uma questão de vida ou morte. Temia atravessar aquelas avenidas compridas e enigmáticas. Mas não se via sem os livros. Eram lhe os únicos companheiros.
  Elisa era uma menina miúda, dos olhos amendoados, face pequena e lábio rosado. Se quer olhava nos olhos dos outros, a não ser quando esses não a os encaravam. Era apática. Nunca teve nem ai pra nada. Só para seus livros e seu gato a quem chamava de “gato de botas” por conta das fabulas que lia. Houve um tempo em que até tentou com que o bichano usasse umas botinhas de tricô que a avó havia feito, mas o gato se quer parava em pé com elas. Lisa, como os entes a chamavam era conhecida na família por seu jeito acanhado e excêntrico de ser. Não gostava de datas festivas, em certa ocasião, no seu aniversario de 9 anos cortou e comeu um pedaço do bolo escondido só para não ter que cantar parabéns. Pois não havia formalidade mais chata que essa canção inibidora proporcionava.

  Lisa muitas vezes se perdia dentro de casa, pois o único cômodo que tinha total intimidade era o quarto onde dali conhecia muitos lugares, mundos que se quer existiam para pessoas obcecadas. Certa vez, em uma dessas viagens chegou a sentir a neve fria a tocar lhe o nariz. Só permitia descer da cama e dos sonhos quando ruídos internos a despertavam. Era a natureza dizendo que precisava comer.
A menina estava a ler agora um clássico da literatura portuguesa onde o autor deixava explícito a cegueira cotidiana que nos acerca.

  E assim, tão de repente como um estalo, Lisa percebeu que mesmo conhecendo vários lugares ficcionais ou não, faltava-lhe algo. Como se tudo que vira até ali fossem historias narradas pelos outros, mas nunca a sua. Estava se deparando com o abismo da inutilidade. Sentia que faltava o conhecimento empírico.
Lisa não sabia direito a cor dos olhos de sua própria mãe...