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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Prosa à toa...


Dia desses estava voltando do trabalho a pé, pois odeio pegar coletivo no horário de pico, sempre está lotado... No meio do caminho, refletindo sobre as adversidades do dia, pontos a melhorar e enfim... Começou lentamente aquela chuvinha gelada a escorrer pelo meu rosto. Comecei a andar mais devagar, pois sempre acreditei que a chuva tem um poder enorme de lavar as impurezas interiores... Besteira? Não sei... Só sei que fui percebendo como a mudança de tempo se assemelha tanto aquilo que somos. A inconstância de humor, de temperamento... De manhã o tempo estava frio, quer dizer aquele friozinho de toda manhã pra quem acorda às 5hs. No decorrer do dia, o calor se instalou, sabe que até me esqueci que estávamos no inverno. E no final da tarde o tempo havia mudado completamente, o por do sol agora estava se escondendo por detrás das nuvens supostamente carregadas... É, estava lindo... Na metade do caminho, elas resolveram descarregar. Escondi os livros e o celular o mais que pude e encarei de alma aberta aquelas gotas purificadoras, se assim o posso dizer. Observando a reação de outras pessoas percebi que estavam totalmente despreparadas. Umas se escondiam no cantinho debaixo de calhas, outras corriam em busca de um abrigo inóspito qualquer. Como o tempo poderia mudar assim tão bruscamente? Aí então percebi que por vezes pessoas da nossa convivência também estão despreparadas para lidar com nossa mudança brusca de humor. Os repetitivos gestos cotidianos as vezes petrifica nosso ser, nossa visão de tal forma que nem percebemos como nos dirigimos a quem está ali, bem ali sempre ao nosso lado. O fato é que estamos sempre em construção e falhamos sempre...Quase que inevitavelmente. Se habituar as coisas na verdade faz com que vivemos sem perceber, sem mudar, apáticos e "robotizados".

Assim como um temporal surge de repente, o mau humor pode ocorrer dessa mesma forma. Pessoas buscam maneiras de se esquivar, de se esconder dessa inconstância de temperamento, mas por vezes não conseguem, afinal, “Quem está na chuva é pra se molhar”. 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Demasiadamente frio...



Psicológico?...Talvez não...

Abro meus braços sentindo os floquinhos esbarrarem nos meus cílios, a caneca de chocolate quente com a sessão de filmes... Parece-me tão divertido...

Enquanto do outro lado do cenário, gélido, coberto pelos mesmos floquinhos e sem sinais vitais, descansa em paz (ou não) aquele que outrora no leito urbano esqueceram...

Psicológico ou não, tal frigidez agora me parece assustadora. E não falo do frio externo... A algidez interior é a que mais espanta...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Volubilidade...


Ana e suas inconstâncias...

 Sabia que ela era então a responsável, por quem sabe mudar o curso da história... Talvez não, mas da sua vida e da sua história sim... E era isso uma das coisas que gostaria de fazer, ser enfim independente*...

*1) Independência: Livre de qualquer dependência ou sujeição. Que tem meios próprios de subsistência. [...] (Mini Aurélio)

*2) Independência: Voar. Não esperar de ninguém sentimento, afeto e afins. E até mesmo não esperar de si mesma... (ANA)

 Porém, reconhecia que era algo impossível, pois de certa forma sempre esperamos (o que é bom!...), mas ao esperar também dependemos...
 Ana logo percebia que era super dependente de um sentimento que ainda e talvez nunca chegasse a compreender e a dominar. Algo que fugia de seu controle. Logo ela, que era uma mulher decidida e segura... Por vezes também acreditava que não tinha a faculdade dos tolos... Que não era capaz de amar. Somente se afeiçoava as pessoas e logo as achava tão previsíveis que toda a afeição logo se transformara em uma breve distração. Pode parecer insensível, mas era assim e fim. Com certeza viveu varias aventuras, varias paixonites agudas, mas nunca de fato soubera o que era ter borboletas no estomago ou coisas do tipo.

 Ainda sim, seu olhar era perspicaz e ao mesmo tempo doce. Emocionava-se com coisas corriqueiras do dia, com a monotonia dos atos. O cotidiano lhe era poético [...] A menina correndo para os braços do pai; o casal namorando na praça; o velhinho alimentando os pássaros e até mesmo a banda das manhãs de domingo que tocava no  coreto da cidade [...] Tudo isso era como um livro de autores renomados recheado de poesias das mais belas e sublimes.
 Era sempre sutil, somente observava. Apesar da mania incessante de tentar adivinhar o que os outros estavam a pensar. Queria premeditar seus atos, controlar seus passos. Era capaz de passar horas assim, analisando cada ser, imaginando como eram suas ações em outra realidade, em outra condição. Imaginava sua família, amigos e tudo mais. Era nisso que achava graça, no ser imprevisível, acreditar que aquilo que parecia ser de fato não era. Toda essa contrariedade do ser era agradável aos seus olhos.
 Como dizia Fernando Pessoa “O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito”. Podia passar horas observando, tentando e encontrando no profano o sagrado, retirando do ser aquilo que lhe havia de melhor. E assim opondo-se a ideologias de uma sociedade desesperada e desacreditada (por vezes com razão...) que “pré-conceituam” todos por aquilo que eles parecem ser e até mesmo pelo que não parecem. Ela não! Acreditava e esperava sempre mais e mais. Queria o mundo, queria tudo. Não desistia de si nem do outro.

 Realmente, talvez não soubesse o que era tal sentimento. Mas o que sentia era tão vivo que a impulsionava.
Não!  A previsibilidade do ser não a impedia de deixá-los com suas próprias angustias em meio ao que há de mais fétido. Queria estar ali, desinfetando. Oferecendo a penetrante luz dos seus olhos. Olhos que acreditavam...  

 Logo percebera que era uma dependente. Viciada. Não tinha escapatória. Mas a essa dependência estava (e queria estar...) sujeitada.
 E a essa liberdade que deu-lhe significado acima renunciava...
   (Mas que fique claro... somente essa!).


 Continuaria a esperar,  e principalmente a sentir...



domingo, 29 de maio de 2011

Decadência


No mar gélido que banha as montanhas
Ouvem-se os estalinhos do vento
Que sacoleja os pinheiros com força tamanha,
Aquela face frígida ao relento
Lá no alto, a observar o horizonte...
Num ar apático
Onde se enrijece a própria fronte,
Mais adiante, ao longe,
Observa-se o crepúsculo...
E o nada; a morte prevalece naquele lugar;
Agora não somente a fronte se enrijece
Mas também o músculo
O cheiro de alimento proibido cada vez mais forte
Aproxima-se lentamente
Mas a inocência da alma,
Supera até os mais profundos desejos

Lá em baixo, os olhares entrelaçados,
O cabelo ondulado
As maças daquele rosto pálido e atraente

Oh bela donzela, de sangue incognoscível,
Como és indecifrável a sua mente
Como esse sentimento é irreversível...
Oh bela donzela, aposto que temes?!
Sou um monstro criado para matar
Para derramar sangue de inocentes.
Há algo em você que me fascina
Como se te conhecesse séculos a séculos
Tenho contado as ondas que quebram no mar
Lá no alto, ouvindo pensamentos.
Somente a te esperar
Os sentimentos que percorrem dentro de mim
Em minhas veias frias
São indecifravelmente contraditórios
Talvez por te querer,
Mas não querer te machucar
Oh bela donzela se afaste de mim!
Vá para o outro lado do oceano...
Aonde seu cheiro não chegue ao meu olfato
Acordado sonharei com teus lábios úmidos
Então, quando no céu celestial,
A lua nova decorar
Nas estrelas, verei suas curvas desenhadas...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

NOSTÁLGICO!


Inevitavelmente os dias passam
E com eles aquela vontade do outrora
Onde nos conjugávamos com um verbo no plural
Assim, juntos e nada mais
Seus olhos castanhos, suas bochechas levemente rosadas
E a inquietante lembrança daquele dia
O mar gélido, o vento fugaz
Que como uma canção fazia dançar os arbustos
Mas tudo passou
Não quero mais tê-la em mim
Não quero que perturbe mais meus sonhos
Com seus beijos úmidos
E sua fala pausada
Chega!
Talvez o que achava que sentia
Não sentia
Assim como você
Que fez sua escolha precipitada
Escolho agora que fique longe de mim
Seus olhos agora são como um veneno
Que vagarosamente vai entupindo minhas veias
Falta-me o ar
Não quero mais
Só te peço uma coisa
Peço-lhe que me deixe em paz...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Entrelinhas de Ana.

Era assim que sentia: lembranças de um tempo imaginário, saudades de coisas que nunca aconteceram e um sentimento um tanto quanto intenso [...] Angustia. Os bosques, o horizonte. Tudo ali, tão perto mais ao mesmo tempo tão longe.
            Mesmo após seus 25 anos de existência o que queria para si não tinha nome. Carregava dentro do seu peito todas as pessoas, os lugares e as paisagens por qual passou e sentiu. Era tanta coisa que mal cabia em si, transbordava pela alma e pelos olhos.
            Ah se pudesse correr sem os sapatos por ai a fora, correr sem as correntes que lhe aprisionavam... Correntes interiores. Ah se pudesse... Sentia que em suas mãos estavam todas as escolhas, faltava-lhe um pedaço. Não sabia por que nem onde. Somente sentia.
            Acordou cedo, o corpo ainda sonolento. O calor insuportável, mas a chuva que observava cair pelo telhado das casas amenizava a fadiga. Deu graças pela tal chuva.
            As gotas escorrendo pela face logo se misturaram com toda sua essência. Só não sabia até quando iria suportar, pois nos encontros e desencontros, crescia em seu ser a dilacerante ausência.Ela, a estranha veio com toda sua propulsão, rasgando-lhe os órgãos internos. Já não sabia nem mesmo como era, sentia como se houvesse dentro de si milhares de outros seres, outras personalidades. Como uma estranha poderia causar tamanha divergência?...
           Naquele dia tudo foi tão comum, como todos os outros dias. O trabalho, as pessoas, enfim, nada que pudesse distinguir o ontem de hoje, e talvez de amanhã. E ao chegar nessa conclusão, era como se acordasse subitamente de um sonho exaustivo e monótono. Uma realidade que não queria para si... A estranha agora então era reconhecida, era aquela tal que tantas vezes tentou se infiltrar em seus afazeres, em seu dia-a-dia. Só que dessa vez parece que veio mascarada. Mas de nada adiantou. Ana era uma mulher astuta. Logo tratou de concertar detalhes, de construir pontes...    

[...] Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena!!! 
                             (Clarice Lispector - Mudança)

E assim, o despertar trouxe consigo as mudanças, o novo.
Era como se sentia agora, mais viva, mais ativa... Era a menina com extensos horizontes,a menina mulher de sempre...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

UTOPIA!

Quem me dera ao menos uma vez perceber que a humanidade esta progredindo para o bem comum
Quem me dera sentir que o homem esta mais preocupado com próximo do que com o lucro e o capitalismo desenfreado
Quem me dera olhar e ver que tanques de guerras e armamentos bélicos estão enferrujados
Quem me dera observar que a sabedoria e o equilíbrio têm sido buscados
Quem me dera ver etnias lutando por amor e tolerância
Quem me dera ter promessas de paz sendo cumpridas
Quem me dera brincar com as crianças sabendo que crescerão saudáveis e num mundo cheio de esperanças
Quem me dera compartilhar de um futuro belo e sem estratégias imperialistas
Quem me dera caminhar pelas ruas onde caminham pessoas de bem e de valores
Quem me dera correr pelos bosques tendo um ar puro e um clima estável
Quem me dera fazer parte de uma raça evoluída onde planos maquiavélicos são pura ignorância
Quem me dera experimentar no olhar de pessoas a verdade
Quem me dera sorrir diante de tanta solidariedade
Quem me dera que devido as escolhas não se faça a exclusão de ninguém 
Quem me dera partir sabendo que tudo ficara bem
Quem me dera...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pra começo de conversa...

Eu tenho tanta coisa pra dizer que eu não sei nem por onde começar.
A fase é de mudanças e de muito autoconhecimento. Novos caminhos. Muitas escolhas, o tempo parece bem curto vendo do ângulo atual. Tomar uma caneca de leite quente em frente a TV agora é luxo, faz parte de uma nostalgia inocente e inapropriada para o presente momento.È acho que não dá pra brincar de ser gente grande. Deveras, nossa vida é marcada de processos, do qual passamos muitas vezes forçados, quase que sem querer.
Porém com tudo, cada fase é importante e bela, assim como é.

O que mais gosto de fazer é observar as pessoas, a postura, o modo de sorrir, de andar, de falar, enfim, de viver. E o que percebo é que quanto mais as observo, mais chego perto daquilo que sou.
Acho muitíssimo interessante como Fernando Pessoa conseguia dar vida aos vários “eus” que existem dentro da gente sem deixar de ser ele mesmo. Seus heterônimos mostravam o quão vasto pode ser o ser humano,não existindo regrinhas para classificá-los. Somos tão contraditórios. Aliás, cada um de nós é uma organização tão grande, tão complexa e tão única de pensamentos, sentimentos e histórias que eu fico até tonta em pensar como o Fernando Pessoa podia ser vários ao mesmo tempo. E na realidade, acho que somos todos assim, com uma capacidade imensa de ser vários. É bom saber que não estou fardada a ser hoje o que fui ontem e nem o que serei amanha. Bom também saber que posso ser o que quiser, mesmo que seja a mesma situação, posso vê-la de uma maneira completamente diferente. Acredito que dentro de nós existe uma infinidade de sementes esperando ser germinadas. Algumas nem são, outras não só germinam, mas se desenvolvem e dão frutos. Acho que essa deve ser a escolha constante que fazemos todos os dias ao acordar, a escolha pelo que quero, como quero ver as situações corriqueiras do dia, como vou solucionar os problemas inesperados... E pra terminar me lembrei de uma mensagem muito especial  de Charles Chaplin ,onde diz o seguinte:


“Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer às águas por lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde... ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria... ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar... ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir tédio com as tarefas da casa... Ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.
Posso lamentar decepções com amigos... ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.

E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.”