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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Demasiadamente frio...



Psicológico?...Talvez não...

Abro meus braços sentindo os floquinhos esbarrarem nos meus cílios, a caneca de chocolate quente com a sessão de filmes... Parece-me tão divertido...

Enquanto do outro lado do cenário, gélido, coberto pelos mesmos floquinhos e sem sinais vitais, descansa em paz (ou não) aquele que outrora no leito urbano esqueceram...

Psicológico ou não, tal frigidez agora me parece assustadora. E não falo do frio externo... A algidez interior é a que mais espanta...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Volubilidade...


Ana e suas inconstâncias...

 Sabia que ela era então a responsável, por quem sabe mudar o curso da história... Talvez não, mas da sua vida e da sua história sim... E era isso uma das coisas que gostaria de fazer, ser enfim independente*...

*1) Independência: Livre de qualquer dependência ou sujeição. Que tem meios próprios de subsistência. [...] (Mini Aurélio)

*2) Independência: Voar. Não esperar de ninguém sentimento, afeto e afins. E até mesmo não esperar de si mesma... (ANA)

 Porém, reconhecia que era algo impossível, pois de certa forma sempre esperamos (o que é bom!...), mas ao esperar também dependemos...
 Ana logo percebia que era super dependente de um sentimento que ainda e talvez nunca chegasse a compreender e a dominar. Algo que fugia de seu controle. Logo ela, que era uma mulher decidida e segura... Por vezes também acreditava que não tinha a faculdade dos tolos... Que não era capaz de amar. Somente se afeiçoava as pessoas e logo as achava tão previsíveis que toda a afeição logo se transformara em uma breve distração. Pode parecer insensível, mas era assim e fim. Com certeza viveu varias aventuras, varias paixonites agudas, mas nunca de fato soubera o que era ter borboletas no estomago ou coisas do tipo.

 Ainda sim, seu olhar era perspicaz e ao mesmo tempo doce. Emocionava-se com coisas corriqueiras do dia, com a monotonia dos atos. O cotidiano lhe era poético [...] A menina correndo para os braços do pai; o casal namorando na praça; o velhinho alimentando os pássaros e até mesmo a banda das manhãs de domingo que tocava no  coreto da cidade [...] Tudo isso era como um livro de autores renomados recheado de poesias das mais belas e sublimes.
 Era sempre sutil, somente observava. Apesar da mania incessante de tentar adivinhar o que os outros estavam a pensar. Queria premeditar seus atos, controlar seus passos. Era capaz de passar horas assim, analisando cada ser, imaginando como eram suas ações em outra realidade, em outra condição. Imaginava sua família, amigos e tudo mais. Era nisso que achava graça, no ser imprevisível, acreditar que aquilo que parecia ser de fato não era. Toda essa contrariedade do ser era agradável aos seus olhos.
 Como dizia Fernando Pessoa “O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito”. Podia passar horas observando, tentando e encontrando no profano o sagrado, retirando do ser aquilo que lhe havia de melhor. E assim opondo-se a ideologias de uma sociedade desesperada e desacreditada (por vezes com razão...) que “pré-conceituam” todos por aquilo que eles parecem ser e até mesmo pelo que não parecem. Ela não! Acreditava e esperava sempre mais e mais. Queria o mundo, queria tudo. Não desistia de si nem do outro.

 Realmente, talvez não soubesse o que era tal sentimento. Mas o que sentia era tão vivo que a impulsionava.
Não!  A previsibilidade do ser não a impedia de deixá-los com suas próprias angustias em meio ao que há de mais fétido. Queria estar ali, desinfetando. Oferecendo a penetrante luz dos seus olhos. Olhos que acreditavam...  

 Logo percebera que era uma dependente. Viciada. Não tinha escapatória. Mas a essa dependência estava (e queria estar...) sujeitada.
 E a essa liberdade que deu-lhe significado acima renunciava...
   (Mas que fique claro... somente essa!).


 Continuaria a esperar,  e principalmente a sentir...